segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Helena e o Anjo Negro

Helena e o Anjo Negro
Por Guilherme G Henschel

[Lúcifer]
Caído sobre a ruína de minha vitória.
Caído sobre a guarda de minha glória.
De que será de mim agora?
Guardar os portões do inferno nessa hora,
Morrer aqui já não me faz falta,
Quando minha barca está em alta.

[Helena]
Não chorais anjo caído.
Sei que teu amor nunca foi suprido.
Sei que teu nome é manchado,
Mas teu trabalho por mim é louvado.
Não chorais luz do inferno,
Não chegou ainda o inverno.

[Lúcifer]
Triste e condolente as margens do Stigia.
Mantendo sempre minha nobre vigia.
Triste e sobrevivente as margens do abismo,
Sou mal pela visão do homem e do maniqueísmo.
Devo me revoltar? Devo me vingar? O que farei?
De tudo, Nada Sei.

[Helena]
Nenhuma maldade fez anjo negro,
Acredito em teu coração integro.
Mesmo que destruição tenha causado,
Meu coração ainda tem te amado.
Sempre há um retorno,
Um ponto para um contorno.

[Lúcifer]
E quando se chegou no ponto sem retorno,
Do mais livre mundo, do mais barato suborno.
Quando demônios que guardo escapam,
Quando acordos não se reatam.
Quando o amor que sinto se esvaece,
E Deus não mais escuta a minha prece.

[Lúcifer & Helena]
No fim da terra espero por ti meu amor,
Que no fim da vida sentir teu calor,
Senti minhas (tuas) asas envolta de meu (teu) corpo.
Sentir que posso ser feliz mesmo que meu corpo esteja morto.
Sentir que no fim não posso mais falhar,
E então com segurança te falar
Eu Amo-te, meu Anjo.

[Lúcifer]
Em lagrimas minha espera termina
Que a terra não te oprima.
Mas tua alma é demasiada pura,
Não há feridas que tu não te curas.
No paraíso tua alma descansa,
Enquanto no inferno meu corpo se cansa.